Nesta sexta-feira, 14 de agosto, o Automóvel Clube Fluminense está completando 98 anos. O Automóvel Clube Fluminense, sucessor do Cassino de Campos, foi fundado em 14 de agosto de 1922. Tinha a sua sede propria em um palacete à rua 13 de Maio. Palacete colonial, uma das mais belas arquiteturas de Campos, e que foi derrubado apressada e criminosamente, para se fazer um prédio moderno para sediar o clube. Nada se fez, e o esqueleto de cimento armado da obra serve de garagem hoje em dia.

Era um clube apenas social, mesmo assim os seus bailes não eram muito frequentes. Muito raro o baile de aniversário, ou fim de ano. Alguns bailes de carnaval marcaram época, mas assim mesmo foram poucos. Com a chegada a Campos, do Dr. Almir Maciel,engenheiro chefe da Leopoldina, homem de larga visão e desportista de escól, praticante do tênis, os conselheiros e diretores do Automóvel Clube Fluminense, insistiram para que ele assumisse a presidência do clube.

Era uma tarefa gigantesca, levantar social e esportivamente o aristocrático clube, pois as mesmas estavam praticamente mortas. Escolhendo um grupo de alto valor, como Pedro Américo Corrêa, Clovis Medina, Romualdo Peixoto, Filadelfo Vianna, Helvio Bacelar como seus diretores, e o apoio dos tenistas, Avelino Gomes, Carlos Gualda, Antonio Gambarot, Temistocles Lobo Peçanha, Gumercindo' Aquino, e mais um grupo que se iniciava no esporte da raquete, dr. Almi Maciel, deu início a
arrancada final para elevar o clube ouro-azul a potência que é hoje.

Botafoguense por tradição familiar, já que seu irmão Alarico Maciel foi um dos grandes beneméritos do clube, e admirador da famosa equipe de tasquete, onde figurava jogadores da seleção brasileira como De Vizzenzi, Albano, Aldano, fez construir uma quadra cimentada moderna para a prática do basquetebol.

A segunda de Campos, pois a primeira estava localizada ao lado do Cine Coliseu (depois Cine Goitaca). Claro que depois da quadra, eram necessários os atletas. Fazê-los seria demorado e dificil. Mais fácil seria os diretores Filadelfo Vianna e Hélvio Bacelar, conseguir jogadores já feitos.

Não houve demora na missão dos diretores. Em pouco tempo la estavam: Tarciso, Hugo Linhares, Fernando Duncan, Antoninho Freitas, Aires Tamega, Willy Duncan, Carlos Alberto Dutra, Pedro Duncan, Edgar Moço, Mozart Duncan, José Luiz Glória e muitos outros craques de outros clubes. Até mesmo o grande Hugo Aquino integrou a equipe ouro-azul em partidas amistosas. Filadelfo Vianna, sabia que a meca do basquetebol campista, estava no Liceu de Humanidades e lá foi buscar:

Iderval Rabelo, Jorge Tamega, Geraldo Silva, Orlando Braga, e mais uma garotada da qual faziam parte: José Carlos Abreu, Gastão Batista de Carvalho, Mario Pamplona Corte Real, Hélvio Santafé, Luiz Carlos Silva, Amim Chaloub, Nataniel Carvalho, Humberto Fernandes, ficando Fernando Carvalho Leite (irmão de Carlos, o famoso atacante do Botafogo F. C.), como o técnico da garotada.

Assim foi dada a partida para que o clube se tornasse uma potência no basquetebol campista, fluminense e brasileiro. Quando as forças do bola ao cesto campista eram Americano F.C. e Indsutrial F C., o Automóvel Clube Fluminense, começou a aparecer e foi com os atletas mais velhos bi-campeão da cidade.

Antoninho Freitas, Fernando Duncan, Willy Duncan, Edgar Moço, Hugo Linhares, Pedro Duncan, José Luiz Glória, faziam parte da equipe bi-campeã. Também o quadro reserva foi bi-campeão com; Almir, Orlando, Geraldo, Helvio, Luiz Carlos, Mario, Jorge e Mozarth. 

No ano seguinte como a grande maioria dos bi-campeões abandonasse o basquete, por sugestão do então treinador Orlando Braga, o quadro reserva subiu para o titular, onde ainda estavam Pedro, Jorge, José Luiz e Hugo Linhares. Foi uma campanha memorável, e com ela o tri-campeonato Dezenas de garotos saíam das aulas do Liceu, Bittencourt e Batista, para os quadros do Automóvel Clube. Lá estavam, José Miranda Felix, Tacito Lirio dos Santos, Geraldo Fernandes, Walter Faria Maciel, Breno Valadares, John Duncan, José os assistentes e aos comentaristas de todo o país. Um vexame. São fatos que marcaram pontos negativos na história do clube.

Também o voleibol masculino e feminino foram destaque no clube. O "six” masculino sempre teve seus jogadores como, Almir Faria, Gastão Carvalho, Hugo Linhares, José Amado Henriques, muito embora não tenha havido naquela época campeonatos campista e fluminense. Mais tarde, com jovens jogadores foi campeão do interior, perdendo apenas para o Clube Pioneiros, de Niterói, que tinha jogadores de seleção como Borboleta.

Em 1967, foi campeio do interior e vice-estadual em Friburgo, com os seguintes atletas André, Claudio, William, Gil, Sergio, Francisco, Claudio José, Luiz, Galileu, Mauricio, Claudinho e Luiz Eduardo.

O início do voleibol feminino, as irmás Tita, Helia e Neuza Gloria, formaram com Stella e Herminia Pinto, Lenita, Manida, a base da equipe, que mais tarde veio a ser reforçada com atletas do Liceu de H. de Campos, formando com Claudia, Martha Tecla, Margô e Marilda.

Futebol de Salão: Com a construção do "Ginásio Olavo Cardoso", o Automóvel Clube apressa em construir uma quadra externa
Quadra poli-valente para a prática de basquete, vôlei, handball, futebol de salão, etc.. Estava em curso um torneio de futebol de salão, que o clube não participava, mas já era pensamento da direitoria montar uma grande equipe.

Com o término do torneio, alguns jogadores de outros clubes se transferiram para o ouro-azul, principalmente os atletas do Amazonas. Assim começou o futebol de salão do clube da rua 13 de Maio, que iria brigar com o C. R. Rio Branco, Ferroviários e
Tênis Clube, pela hegemonia do futsal de Campos. Tendo em sua equipe atletas do gabarito de Helinho Viana, Sérgio, Badé,
Tasso, Noberto, Sergio (Puf-Puf), Enio, Jorginho, João Izidro, Marcial, Guido, Echeborrena, Miminha e Claudio.

Foi se firmando como uma das equipes melhores da cidade, e culminou levantando o título de tri-campeão campista em 1969 pertencia a quadra de tênis. Foi a melhor Tênis - A velha guarda do clube quadra de saibro que até hoje foi construida em Campos. Durante a semana depois das 16 horas, era dificil arranjar vaga. A quadra não era iluminada. Aos sábados e domingos pela manhã, todas as horas a quadra ficava repleta.

O presidente Almir Maciel, Carlos Gualda, Gumercindo Aquino, Clóvis Medina, Antonio Gambarot, Avelino Gomes, Temistocles Lobo Peçanha, Geraldo Gomes, Paulo Aquino, João Batista Aquino, Stella e Herminia Pinto, Willy Duncan, José Luiz Glória, Cassiano Corrêa, e mais tarde, Orlando Braga, Jorge Tamega, Rui Amado, Henrique e D. Léa, Carlos Pamplona e muitas outras figuras da sociedade campista.

Com a construção do ginásio e das piscinas, as quadras de tênis desapareceram e com ela uma tradição de elegância do clube ouro-azul. A primeira piscina construída pelo Dr. Ari Vianna deu ao clube uma nova dimensão social. 

Natação - A natação do Automóvel Clube, começou na sua primeira competição vencendo apenas uma prova: 50 metros nado de costas, com o petiz Cezar Augusto Guimarães.

Competição realizada na piscina do SESC. A derrota não impressionou a diretoria e ao técnico. Sabiam eles que depois desta derrota, nunca mais a equipe seria vencida nos campeonatos campistas. O que aconteceu. Ganhando campeonatos fluminenses. Ganhando a competição dos estreantes nos Jogos da Primavera do Jornal dos Sports. Vencendo 7 provas com primeiro e segundo lugares, os dois revezamentos, só perdendo a prova de nado de peito, porque a campeoníssima Maria Inês Silva, estava hospitalizada. Magda Gama, Denise Ferreira, Rita de Cassia Rangel, Maria Lucia Carvalhido, Debora Prazeres, Evacira Peixoto e Martha Freitas, foram as nadadoras deste brilhante feito na piscina olímpica da Universidade Gama Filho. Lamentar a desgraça que se abateu sobre o clube, quando um desastre de carro roubou a vida de Romão e Maria Helena Grael, e seus filhos Cyntia e Kleber. Ficou de luto a cidade de Campos.

Um clube de muitas histórias e glórias que há quase um século se mistura com parte da história campista, parabéns ao Automóvel Clube Fluminense, a todos os presidentes e as famílias que fizeram e fazem parte desta história.